Estamos entusiasmados por estar de volta com a segunda edição da Proximate Brasil.
No início deste verão, lançamos esta seção de notícias como uma casa para uma conversa sobre o movimento de mudança nas relações de poder na filantropia brasileira. Estamos entrando em uma nova era na forma como praticamos a filantropia, em que as pessoas estão desafiando a premissa do setor de que quem decide sobre o destino dos recursos sabe tudo e abraçando a mudança de paradigma global em direção à filantropia comunitária e à filantropia baseada na confiança.
Em nossa primeira edição, começamos a definir termos e a contar histórias sobre fundos participativos na Baixada Maranhense e no Rio Grande do Sul.
Nesta edição, vamos ampliar esses mesmos temas. Examinaremos as qualidades das práticas filantrópicas que questionam e transformam as estruturas coloniais, exemplos de organizações que desenvolveram suas tecnologias sociais e relatos pessoais sobre a sensação de vivenciar essas práticas diferentes.
O que vai encontrar nesta edição
Quando algo se torna uma tendência, como as práticas participativas, há uma grande procura de pessoas que a possam implementar. O risco é que isso pode criar pressão para o surgimento de novas técnicas que, criadas de maneira rápida, correm o risco de serem ineficazes, quase enganadoras, e consequentemente prejudiciais às comunidades e ao campo filantrópico.
Na coluna Aprofundando a Filantropia, Ana Biglione irá explorar o conceito de práticas e o que isso significa para o movimento de mudança das relações poder na filantropia. Aprofundar a nossa compreensão do que é uma prática é imperativo para que possamos ver as práticas filantrópicas como formas de fazer e não como técnicas a serem implementadas.
Em nossa sessão de entrevistas, você ouvirá Rodrigo Rubido. Eu conheci o fundador do Instituto Elos em 2006. Desde então, tenho admirado profundamente suas equipe e seu trabalho, pois eles criaram um processo que oferece desenvolvimento pessoal e comunitário de uma forma que rompe o véu das técnicas mecanicistas. Rodrigo diz que a participação é muitas vezes vista como um preencher de uma série de itens em uma extensa lista, o que não é como eles a entendem no Elos. Tendo em conta que o tempo - ou a falta dele - é um desafio na abordagem das práticas participativas, repare o que acontece ao longo de alguns dias de Jogo Oasis.
Um artigo escrito por Carolina Amanda e Camila Haddad, flow funder e iniciadora, elas refletem criticamente sobre sua experiência com um processo de flow funding - como Ana Biglione propõe em Deepening Philanthropy. Você também lerá suas reflexões sobre a prática colonizadora da filantropia. Como artigo complementar, compartilharemos uma tradução para o português de uma entrevista com Ariane Shaffer sobre a experiência do Kindle Project com seu Indigenous Women's Flow Fund.
De que sistemas precisamos para que os fundos filantrópicos cheguem às comunidades marginalizadas? A representação fiscal (fiscal sponsorship) é uma prática bem estabelecida no cenário internacional, e a Proximate está trabalhando em uma série sobre suas vantagens e deficiências. Para aquecer, trazemos uma primeira pincelada com foco na estrada não pavimentada da representação fiscal no Brasil. Será que ela leva a um acesso mais democratizado ao financiamento e contribui para mudar o desequilíbrio de poder entre as OSCs?
Espero que você goste desta edição. Continue acompanhando o Proximate Brasil. Estamos fazendo parcerias com organizações que têm defendido práticas de mudança de poder muito antes do movimento global, como a Rede Comuá, e veículos de mídia. Você ouvirá mais sobre eles nas próximas edições.
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Joana Ribeiro Mortari