Todos nós gostaríamos de ter tempo durante o dia para nos aconchegar na cama com um bom relatório. Nesta série, lemos as pesquisas, relatórios e metodologias mais recentes que promovem o movimento de doações de base para que possam ser lidos para um público tão amplo quanto possível. E tentamos ser curtos, para que você saiba o que vale a pena ler mais tarde.
A Rede Comuá é uma rede de organizações independentes que reúne fundações comunitárias e doadores que apoiam a justiça socioambiental, os direitos humanos e o desenvolvimento comunitário.
É o primeiro mapeamento das organizações independentes doadoras para a sociedade civil nas áreas de justiça socioambiental e desenvolvimento comuntário no Brasil, compilando e sistematizando informações de 31 organizações independentes, 81% das quais foram criadas a partir do ano de 2000. Os resultados apresentados indicam que tais organizações são fundamentais para que os recursos cheguem a coletivos e movimentos, inclusive o informais. É uma contribuição essencial para a construção do conhecimento filantrópico brasileiro, um país construído a partir de relações de poder coloniais que não reconhece a potencia e os saberes dos grupos politicamente minorizados e, com isso, perpetua tais relações.
São consideradas organizações independentes, para fins deste mapeamento, os fundos temáticos, fundos comunitários e fundações comunitárias que tenham práticas de grantmaking, (ou seja, doando recursos financeiros e não financeiros para organizações e iniciativas da sociedade civil), mobilizam recursos de fontes diversificadas e não dependem de uma empresa ou uma família; e têm conhecimento profundo no seu campo de atuação e é capaz de mobilizar líderes comunitários e redes.
A Iniciativa Pipa nasce do conhecimento prático de que os recursos filantropicos brasileiros quase não chegam nas periferias. A pesquisa sobre barreiras de acesso a recursos busca conscientizar a filantropia estrategica brasileira sobre a necessidade de democratização de recursos. Para tanto, foram mapeadas mais de 1.000 iniciativas Brasil afora, das quais 90% se declararam perifericas e quase 50% se reconhecem como coletivos.
Para o grupo, periferia é o lugar onde as populações históricamente marginalizadas resistem e produzem soluções com pouco recurso, impactando o futuro de um país que pertence a negros, indígenas, mulheres e perssoas LGBTQIAP+. O relatório traz dados que comprovam uma realidade conhecida: os processos de seleção dos doadores está pré-condidionado na escolha de organizações maiores e mais bem estruturadas, reforçando processos de exclusão social.
A mais compreensiva pesquisa sobre doação de indivíduos do Brasil mostra que 84% dos brasileiros doam, e 36% doam para organizações sociais. Em sua terceira edição, a pesquisa também aponta que as causas dos brasileiros são bastante tradicionais: educação, saúde, combate a fome. Considerando que o Brasil adota um sistema tributário onde uma doação não pode ser abatida do Imposto de Renda posteriormente, os numeros são significativos.
O site da pesquisa é dinâmico e facilita a consulta e cruzamento de dados, além de trazer análises sobre a série histórica, de 2015, 2020 e 2022. É particularmente interessante pois contempla o primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando houve uma mobilização intensa para doações.
Recursos sobre Filantropia Baseada em Confiança Traduzidos para o Português
A Gife, uma associação de investidores sociais privados no Brasil, fez parceria com o Trust-Based Philanthropy Project para traduzir alguns de seus recursos: